quarta-feira, 20 de abril de 2011

Meditação da Via Sacra


"Meu Senhor Jesus Cristo, o Senhor tem feito a sua jornada para morrer por mim com amor inexprimível, e eu tenho, muitas vezes o abandonado despresivelmente; mas agora eu O amo com todo o meu coração, e porque eu O amo e eu me arrependo sinceramente de tudo o que tenha lhe ofendido, perdoe-me, meu Deus, e permita acompanhá-lo nesta jornada.O Senhor vai morrer por meu amor; eu desejo além disso, meu querido Redentor, morrer pelo Seu amor. Meu Jesus, eu viverei e morrerei sempre unido a Ti".







1ª Estação


Jesus é condenado à morte



"Hoje, posso vê-Lo, lá está o meu Senhor. Dói-me os ouvidos ao ouvir a multidão ao meu lado gritar: crucifica-o. Os guardas romanos passam por mim, não me escutam quando eu lhes digo: o culpado sou eu. Prendam-me! Eles nem ao menos me olham. Uma multidão grandiosa me comprime, mas somente eu sei que o verdadeiro culpado sou eu.


Bem, Pôncio Pilatos acaba de condenar um inocente à morte. O mais interessante que eu acho nisso tudo é que Ele continua ali, imóvel, machucado e em silêncio. Não consigo mais olhá-Lo, Ele está muito machucado e as minhas lágrimas embaçam os meus olhos. Eu não O conheço direito, mas, mesmo assim, no meu silêncio e em meio à gritaria do povo eu rezei: ó Senhor! Nós condenamos-Te neste mundo. Conceda-me reparar as minhas faltas para não ser condenado por Ti ao chegar a Teu Reino.





2ª Estação


Jesus toma a cruz aos ombros



A multidão é grande demais. Não consigo, daqui onde estou, ver o que está acontecendo. Vou correr mais à frente para tentar enxergar alguma coisa. Meu Deus! Ele está carregando uma cruz de madeira muito grande e pesada.


Agora posso vê-Lo próximo de mim, quase posso tocá-Lo. Seu rosto está todo cheio de sangue do castigo e com muito suor pelo esforço que faz para arrastar a cruz. Ele está tão próximo de mim que eu posso ouvir seus baixos gemidos e sua respiração apressada. Mesmo cansado Ele me olha, parece que Ele quer ouvir algo de mim. Estou tremendo por inteiro e a única coisa que eu consigo dizer é: Perdoa-me Senhor.



3ª Estação


Jesus cai pela primeira vez


Já faz um tempo que Ele está carregando a cruz. E eu fico a perguntar-me, para onde estará levando essa grande cruz?


Perguntei para alguns, mas não me responderam. A não ser um senhor que disse: espero que seja para bem longe, pois um malfeitor tem que sofrer para dar exemplo aos outros.


Por que os guardam estão correndo na direção d’Ele? Parecem furiosos?! Agora só consigo ouvir uma coisa, a multidão gritando: levanta, levanta. Ele caiu… Eu… Eu já sabia. Ele está muito fraco, deve estar com fome e sede. Está com o semblante muito abatido. Sem falar nos machucados e nos guardas romanos que continuam a surrá-Lo. Lá vai Ele, continua a carregar, em silêncio, a cruz. No lugar onde Ele caiu posso ver uma poça de sangue.


É o sangue do filho de Deus, penso. Choro, pois compreendi: Seu sangue era para ser o meu sangue, Sua cruz seria a minha cruz. Ó Senhor! Morrerás por mim. Deixai-me viver por Ti.




4ª Estação

Jesus encontra sua Mãe


Uma linda mulher passa pelos guardas e se aproxima d’Ele. Ela, chorando, O abraça e O beija. Fixo o meu olhar em seus lábios e parece-me ouvi-la dizendo: meu filho, meu filho. Vejo-a retirando-se de perto d’Ele.


Fazendo um grande esforço, em meio a multidão, consigo, por pouco tempo, desviar os olhos do Homem carregando a cruz, colocando a minha atenção nessa mulher. Vejo seu rosto. Rosto abatido e o seu sofrimento. Penso: que dor grande essa mãe está passando. Aos empurrões, consigo me aproximar dela. Com lágrimas nos olhos lhe pergunto: por quê? Ele não é inocen…? Ela silenciou-me com um beijo carinhoso de mãe em meu rosto e me disse: espere… Meu filho, um dia você entenderá.




5ª Estação


Simão de Cirene ajuda Jesus a levar a cruz



Ele está cada vez mais fraco. Seus passos estão muito lentos. Os guardas xingam-No, batem e O empurram.


Ouço um dos guardas romanos dizendo: Anda, sua majestade, nós não temos o dia todo. Ouço também insultos da multidão que parece estar vendo uma peça de teatro. Não estou entendendo, mas vejo um dos guardas romanos trazendo, para perto da cruz, um homem que estava na multidão.


A multidão parece estar mais alvoroçada. O homem que os guardas romanos trouxeram grita como um louco para o povo: Estou apenas ajudando. Não faço parte disso, não sou eu o condenado.






Ele com muito esforço, abaixa, pega a cruz e a carrega. Onde eu estou posso vê-lo tremendo de medo. A tristeza e o pavor tomam conta de seu semblante.



6ª Estação


Verônica limpa o rosto de Jesus



A multidão está em grande desordem. A confusão se intensificou. Vejo os guardas romanos irem em direção à briga. Uma mulher em passos apressados se aproxima da cruz. Agora, a vejo enxugando com um pano o rosto ensanguentado do Homem. Ela diante d’Ele, chora. A vejo chorando, mas não consigo, devido à barulheira da confusão, ouvir o que ela Lhe diz.


Os guardas romanos controlam a multidão e voltam para obrigar o Homem a continuar levando Sua cruz. Com grosseria, gritam com a mulher com o pano e a empurram para junto da multidão. Agora, vejo ela chorando com mais intensidade e vejo também em suas mãos o pano com o qual limpou o sangue que escorria por todo o rosto do Homem. É admirável! O sangue no pano formou a imagem do rosto d’Ele.


Penso: o quê eu devo fazer? Se eu pudesse me aproximar para conversar com Ele, na conversa, o que Ele me diria para fazer




7ª Estação


Jesus cai pela segunda vez



Em meio a tanto sofrimento, não sei mais o que faço aqui. Apenas fico parado, vendo-O cair pela segunda vez. Penso comigo: aí está o limite das forças humanas. Ouço pessoas xingando-O; outras chorando por Ele. Vejo os guardas romanos agredindo o povo e o povo, com palavras feias, ofendendo os guardiões de Roma. Mas d’Ele… d’Ele eu não ouço e não vejo nada, apenas o silêncio e seu corpo estendido no chão como que quase morto.




8ª Estação


Jesus exorta as filhas de Jerusalém



Ouço, do lado oposto ao que eu estou, uma gritaria de doer e enfraquecer qualquer coração. Fico nas pontas dos pés para ver o que está acontecendo e vejo mulheres próximas ao Homem e à cruz chorando.


Ele se detém por um instante. Escuto pouco do que Ele fala, me esforço para ouvir, mas infelizmente, ouço apenas o final de suas palavras: …sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos.


Penso: eu preciso chorar, chorar por mim. Fico absorto em mim e, mesmo com tamanha multidão de pessoas com seus gritos alucinantes, o silêncio toma conta de mim. Meus olhos continuam seguindo-O. Porém meus ouvidos estão parados no que Ele acabara de falar.




9ª Estação


Jesus cai pela terceira vez



O porquê disso tudo? Eu não sei. Eu não sei por que um inocente sofre tanto, sem dizer uma só palavra. Eu só sei que as lágrimas brotam novamente dos meus olhos. Estou com a visão embaçada. Ouço palavras enfurecidas dos guardas romanos e vejo… Vejo embaçadamente, Ele cair novamente.



10ª Estação


Jesus é despojado de suas vestes




Sinto-me enfraquecido e angustiado. A subida até esse local foi horrível, deixou-me completamente esgotado de tanto esforço físico aplicado no decorrer de todo esse caminho.


Paro e penso comigo: Não é mais a parte humana que dá a Esse Homem forças para conduzir-Se até aqui. Sinto e tenho certeza dos meus sentimentos – Ele é um Homem especial.






Tudo o que foi feito contra Esse Homem, para a maioria das pessoas dessa multidão, foi pouco.


Abaixo o meu olhar. Fixo-me na terra desse monte sendo levada pelo vento. Mas crio coragem, levanto o meu olhar para vê-Lo… Ele está nu, rasgaram suas vestes.


O Corpo d’Ele estava coberto de ferimento. Alguns machucados ainda sangravam. Consegui um espaço e aproximei-me d’Ele, Eu vi em seu rosto isto: dor, sofrimento e vergonha. Mas como se me conhecesse, Ele olha para mim. Aí eu pude ver direito em seu rosto e vi isto: dor, sofrimento, vergonha e muito, muito amor.



11ª Estação


Jesus é pregado na cruz



Pela primeira vez, eu O vejo quebrar o silêncio. Eu O vejo gritar de dor enquanto os guardas romanos pregam-Lhe as mãos e os pés na cruz de madeira.


Entre gritos de dor, eu O vejo levantar o olhar para o céu e dizer: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem.


Os guardas romanos ergueram-No. Agora, todos da multidão podem vê-lo.


Ali está Ele: nu, cheio de feridas, com as mãos e pés correndo sangue e com a respiração pesada.


Tão maltratado Ele está que não parece… um homem…um ser humano.


Mesmo naquela condição, mesmo assim, ainda ouço alguns da multidão insultá-lo. Alguém, não sei quem, mas alguém fala: Vamos, desça da cruz, oh Filho de Deus.


Foi nesse momento que eu percebi que não sou nada, não sou ninguém.


Foi nesse momento que eu percebi que o silêncio d’Ele denuncia os meus pecados: grosseria, impaciência, ignorância.…


A fé d’Ele denuncia a minha falta de confiança em Deus.


A inocência d’Ele denuncia o quanto sou culpado.


O amor d’Ele denuncia o quanto não amo.



12ª Estação


Jesus morre na cruz



Enquanto Ele agoniza na cruz para morrer, eu permaneço cabisbaixo. Saio dos meus pensamentos e já não escuto mais nada, ouço apenas o silêncio.


Os insultos, xingamentos e o barulho dos chicotes e pancadas deram lugar ao intenso calar. Era quase a hora sexta e em toda a terra houve trevas. Escureceu-se o sol.


Ouço, com perfeita clareza, Ele gritar: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, dizendo isso, O vejo morrer.


O intenso calar deu lugar aos choros de tristeza. Mas mesmo em meio aos choros e gritos de desespero, vejo um centurião apavorado com o que está acontecendo e o ouço gritar: Na verdade, este homem era um justo.


E toda a multidão dos que assistem a este espetáculo vê o que se passa e bate no peito com grande desespero e medo.


E eu, junto à multidão, também bato no peito e choro como criança diante do corpo d’Aquele de quem minha consciência diz: Ele é o Cristo, o Filho de Deus.


Levanto o meu olhar e O contemplo, vejo Suas feridas, Seus olhos cerrados e Seu sangue escorrendo; também vejo um dos guardas romanos ajoelhado diante d’Ele com uma lança na mão. Olho para o lado do crucificado e percebo que aquele soldado O havia perfurado, perfurado com precisão o Seu coração.


Olho para o céu e parece que Ele me diz: foi por você que Ele, meu Filho, morreu. Para apagar os seus pecados, as suas faltas; para perdoar-te.




13ª Estação


Jesus descido da cruz



Todos foram embora, apenas eu e algumas pessoas ficaram. Não consigo tirar o meu olhar d’Ele, de Seu corpo nu dependurado na cruz, de Suas chagas e feridas, dos grandes pregos em Suas mãos e pés e do Seu belíssimo rosto.


Posso dizer com toda certeza, eu aprendi a amá-Lo.


Chegam algumas pessoas e começam a tirá-Lo da cruz. Junto com tais pessoas, contemplo a mãe do crucificado, ela abraça-O e O beija alisando Seu rosto molhado pela chuva. Aproximo-me dela e do corpo de Cristo em seu colo. Ajoelho-me e O beijo no rosto; depois olho para ela e, ela, em silêncio, me olha. Levanto-me e vou-me embora com a certeza: vi Deus morrer por mim.



14ª Estação


Jesus é depositado no sepulcro



Ouço as pessoas comentarem que Ele foi sepultado. Eu não sei onde. Somente sei que nunca O esquecerei. Hoje, agradeço a Ele por me ter dado a graça de viver tudo isso.


Sem me dar conta de quem sou, estou lendo a décima quarta estação da Paixão de Cristo. Agora e, somente agora, sentado diante do computador, percebo que aquele quem viu o sofrimento de Cristo foi eu."





"Meu querido Jesus, Tu vais morrer por muito amor por mim. Ah! Deixai-me padecer na Tua companhia. Eu desejo morrer Contigo!"







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