"O anoitecer indicava o final de mais um dia difícil. Dúvidas, sofrimento, mágoas... Por quê? Ela se perguntava insistentemente, não conseguindo aceitar aquela situação. Resistiu muito por tanto tempo, mas nada adiantou. No final, lá estava ela, desanimada, desacreditada, desesperada.
Por quê? Ela continuava se questionando. Não precisava sentir todo aquele ódio, nem se culpar pelo que havia acontecido. Foi de repente, quase imperceptível. Na verdade, quando ela realmente percebeu, já era tarde demais. E agora? Insistia, em silêncio.
No quarto fechado, ela pensava em tudo que havia tirado seu sossego. O sossego perturbado há meses e que, pelo visto, permaneceria inquieto. Havia uma força mais forte do que ela. A força do desconhecimento. Sim, ela desconhecia todos aqueles sentimentos, misturados, entrelaçados e bagunçados. Não sabia se amava ou odiava. Não tinha controle sobre nada.
Até que um dia, ela acordou, após sentir, dentro de si, um alerta. Olhou-se no espelho. Percebeu o rosto triste, lembrou-se das lágrimas que haviam caído em vão. Resolveu deixar todas as dúvidas pelo caminho e optar por uma vida sem mágoas e sofrimentos. Nem das coisas boas fez questão de recordar. Sentiu a necessidade de encarar a situação como um passado muito, muito distante, praticamente apagado da memória. Ela, então, disse tchau e nunca, nunca mais, olhou para trás."
Marina Guido
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