segunda-feira, 2 de abril de 2012

Via Sacra- Beata Alexandrina



Prólogo


Quanto custou a Jesus a sua vida na terra !
Não foi o Horto com o Calvário
sofrimento de algumas horas:
Toda a vida de Jesus foi Horto e Calvário.
Ele crescia em idade e sabedoria,
E nele e com ele crescia a cruz.
Não se separou dela um só instante:
Nela crescia, nela sofria,
Mas sempre com sorriso e bondade.


1ª Estação :


Jesus é condenado


Pilatos entregou-Lho para ser crucificado, e eles tomaram conta de Jesus. (Jo 19, 16)
Vejo e ouço a grande multidão
Que a uma só voz, sem piedade de mim,
Grita pedindo a minha crucifixão.
As minhas orelhas ouvem gritar:
« Morra ! Seja condenado ! »
Que gritos, os da multidão!
Recebo a sentença de morte.


Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo,
Como era no princípio, agora e sempre! Ámen.


2ª Estação :


Recebe a cruz


E Ele, levando a cruz às costas, saiu para o chamado lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota. (Jo 19, 17)
É tal o peso que me sinto mergulhar sob a terra.
Não carrego só a cruz, mas o mundo inteiro.
Poucos amigos... Quase só inimigos.


Glória ao Pai…


3ª Estação :


Cai pela primeira vez


Procurei, mas não havia ninguém para me auxiliar.
Fiquei espantado por não haver ninguém para me ajudar. (Is. 63, 5)
Caio sob o peso da cruz.
Parece-me que perco a vida.
Perdê-la para dar a vida a todos dá-me força.
Recomeço a caminhar.


Glória ao Pai…


4ª Estação :


Encontra a Mãe


Jesus vê a sua Mãe ali presente. (Jo, 19, 26)
Vem ao meu encontro a Mãezinha.
Olhamo-nos intensamente.
Eu caminho sempre. Ela também caminha,
Guiada pelo meu olhar
Que a feriu e lhe atraiu o coração e a alma.
Não carrego apenas a cruz, mas também a sua dor.


Glória ao Pai…


5ª Estação :


É ajudado pelo Cireneu

Quando O iam conduzindo, lançaram mão de um certo Simão de Cirene e carregaram-no com a cruz. (Lc 23, 26)
A cada passo me parece que vou expirar.
Quero alguém que leve a cruz.
Há quem continue a levá-la não por amor mas por imposição.
Todavia eu dispenso-lhe tanto amor.
Tiram-me a cruz, mas eu sinto como se levasse sempre o seu peso.


Glória ao Pai…


6ª Estação :


Encontra a Verónica


Em verdade vos digo, sempre que fizeste isso a um destes mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes. (Mt 25, 40)
Vem ao meu encontro uma mulher que tem compaixão da minha dor.
Com que delicadeza e amor me limpa o rosto
Do suor, do sangue, do pó!
Como gostaria que se falasse deste gesto heróico!
O meu rosto e o amor do meu coração ficam impressos na tela.


Glória ao Pai…


7ª Estação :


Cai segunda vez


Ele entregou a sua vida à morte e foi contado entre os pecadores. (Is 53, 12)
A meio do caminho, grave é a queda.
Os lábios abrem-se-me em sangue
E beijam a terra na qual me firo.
Os olhares da minha alma estendem-se sobre a humanidade.


Glória ao Pai…


8ª Estação :


Encontra as santas mulheres


Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, mas chorai por vós mesmas e pelos vossos filhos. (Lc 23, 28)
Seguem-me algumas mulheres; choram amargamente.
Olho-as com compaixão e murmuro para elas:
« Não choreis por mim, mas por vós ;
chorai as vossas culpas: são as causas das minhas dores ».


Glória ao Pai…


9ª Estação :

Cai terceira vez


Reduziste-me ao pó da terra, estou cercado por matilhas de cães. (Sl 22, 16-17)
É o mundo, é o céu contra mim! Caio.
Uma nova fúria dos algozes arrasta-me com força.
Ainda assim, do meu coração escorre só amor e compaixão por eles.


Glória ao Pai…


10ª Estação :


É despido


Repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada um. (Mc 15, 24)
Despem-me com uma fúria capaz de arrancar-me bocados de carne: que dores violentas!
Ser despido em público!
São muitas as risadas de troça.
Sinto que a Mãezinha quer cobrir-me com o seu manto.

Glória ao Pai…


11ª Estação :


É crucificado

Foi crucificado com os malfeitores, um à sua direita e outro à sua esquerda. (Lc 23,33)
Estendem-me sobre a cruz.
Ofereço eu as mãos e os pés para ser crucificado:
É um abraço eterno à cruz, à obra da redenção.


Glória ao Pai…


12ª Estação :


Morre na cruz


Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou : «Tudo está consumado.» Depois, inclinou a cabeça e entregou o espírito. (Jo 19, 30)
Faz-se escuro sobre o Calvário.
– Pai, perdoa-lhes, que não sabem o que fazem !
– Pai, meu Pai, até tu me abandonas !
– Meus filhos, tenho sede de vós !
– Minha Mãe, aceita o mundo: é teu !
É filho do meu sangue, é filho da tua dor.
– Tudo está consumado.
– Pai, entrego-te o meu espírito :
é para ti o meu último suspiro.


Glória ao Pai…


13ª Estação :


É deposto no regaço da Mãe


E José de Arimateia tomou o corpo e envolveu-o num lençol limpo. (Mt 27,59)
A Mãe, com Jesus morto nos braços !
Foi o amor que levou Jesus a dar a vida.
A Mãezinha continua a mesma missão de amor :
Amar-nos como Jesus.


Glória ao Pai…


14ª Estação :

No sepulcro

José depositou-o num sepulcro talhado na rocha, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. (Lc 23,53)
O amor, unido à graça e à vida divina,
Triunfou sobre a dor e sobre a morte.

Glória ao Pai…

Epílogo


Ó Calvário glorioso ! Ó cruz de salvação !
O sangue irriga a terra :
chuva fecunda, chuva de amor,
que reconcilia o Céu e a Terra !
Está reconciliado o Céu com a Terra !

http://alexandrina.balasar.free.fr/via_crucis_pt.htm







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